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Diálogo e Escuta na Formação do Jovem - Menina sentada conversando com uma adulta na biblioteca

Diálogo e Escuta na Formação do Jovem

16/09/2025

Autor:

Educar é um ato de firmeza amorosa: o papel da família e da escola

Educar uma criança é uma das tarefas mais nobres e desafiadoras que existem. Não se trata apenas de ensinar conteúdos ou de oferecer conforto e cuidado, mas de assumir, com responsabilidade, o papel de adulto diante de uma criança em formação. O professor Amauri Carlos Ferreira lembra que a educação não pode abrir mão da firmeza: é preciso enfrentar a resistência natural da criança; manifestada pelo choro, pela birra ou pela insistência; sem violência, mas também sem abdicar da autoridade educativa.

É justamente aí que está a função essencial do adulto: acolher sem ceder a tudo, ouvir sem se submeter, posicionar-se com clareza e tranquilidade sobre o que deve ser feito. Muitas vezes, isso implica respirar fundo, esperar o tempo do choro, e só então reafirmar à criança o que se espera dela. Essa atitude não gera trauma; ao contrário, constrói segurança, pois a criança entende que existe alguém que sabe o caminho e que não se fragiliza diante de suas resistências.

Veja também: “Eu Consigo Sozinho!”: A Arte Lenta e Amorosa de Construir a Autonomia

Frustração: parte essencial da formação

De acordo com o psicólogo Yves de La Taille, não existe educação sem frustração. É na frustração que a criança desenvolve a capacidade de se regular, de lidar com limites e de construir valores morais sólidos. Se quisermos que nossos filhos e alunos sejam resilientes, capazes de autocontrole e de autogoverno na vida adulta, precisamos permitir que vivenciem, desde cedo, pequenas frustrações e aprendam a superá-las.

A criança leva para casa inúmeras frustrações que viveu na escola: a briga por um brinquedo, a decepção por perder em um jogo, o choro por não sentar ao lado do colega desejado, a inquietação por ter sido corrigida pela professora. E o que deve fazer o adulto diante dessas situações? O papel da família não é resolver pelo filho, nem transformar cada episódio em motivo de conflito com a escola. O papel é acolher o sentimento da criança, escutá-la com atenção e ajudá-la a dar significado àquela experiência, reforçando que tais frustrações fazem parte da vida. O adulto precisa transmitir confiança, mostrando que o filho é capaz de enfrentar dificuldades e que não está sozinho nesse processo. Assim, em vez de fragilizar a criança, fortalece-se sua autoconfiança e sua capacidade de aprender a se governar.

A professora Telma Vinha também nos lembra que a convivência entre crianças envolve inevitavelmente conflitos: briguinhas, disputas, desavenças e reclamações fazem parte do processo de crescimento. Esses momentos não devem ser vistos como falhas da escola ou como sinais de que a criança está sofrendo; ao contrário, são oportunidades de aprendizagem socioemocional. É vivendo em grupo que a criança aprende a negociar, a lidar com diferenças, a desenvolver empatia e a se posicionar diante da coletividade.

O papel da família e a parceria com a escola

Nesse processo, a família tem um papel insubstituível: acompanhar, buscar informações com a escola, partilhar dificuldades, dar suporte e confiar no trabalho pedagógico da escola. Não cabe aos pais interferirem nas metodologias escolares, mas sim conhecerem as mesmas e fortalecerem a parceria, permitindo que a criança enfrente os desafios cotidianos da vida escolar. A interferência excessiva fragiliza o filho, impede que ele aprenda a se resolver sozinho e transmite a mensagem de que não é capaz. Como alerta Mário Sérgio Cortella, educar não é proteger de tudo, mas preparar para tudo!

É claro que o adulto precisa intervir quando a criança ainda não tem recursos para lidar com determinada situação ou quando há risco de violência grave. Mas, em situações comuns do convívio escolar, é fundamental confiar na capacidade da criança e na experiência dos profissionais da educação.

Muito além do aprendizado acadêmico

A escola não é apenas um espaço de transmissão de conteúdos. Como destaca Amauri Carlos Ferreira, o aprendizado que ocorre no coletivo escolar é muito maior: envolve valores, convivência, cooperação, resiliência, capacidade de lidar com diferenças e de construir vínculos sociais.

Na vida coletiva da escola, a criança descobre que o mundo não gira apenas ao seu redor, aprende a respeitar regras comuns e a exercer seu papel como parte de uma comunidade. Isso pode gerar insegurança, medo e desconfortos, mas são experiências necessárias para o aprendizado. Não significa que ela não conseguirá enfrentar; ao contrário, se ela for encorajada, aprenderá muito. Cabe aos pais acolher esses sentimentos sem superproteger, dizendo: “Eu te entendo, sei que é difícil, mas o que aconteceu nesta situação? Por que sua professora disse isso? Por que seu colega agiu assim?” A vida coletiva sempre tem mais de um lado de observação, e ajudar a criança a enxergar diferentes perspectivas é parte fundamental da educação.

Educar não significa retirar as pedras do caminho das crianças. A vida é esse caminho, e as pedras representam os problemas, desafios e frustrações inevitáveis. Muitos pais, na ânsia de proteger, têm retirado essas pedras, e o resultado é que seus filhos crescem sem saber o que fazer quando, na vida adulta, se deparam com obstáculos reais. O verdadeiro papel da família e da escola é ensinar a criança a olhar para as pedras, a reconhecer seus tamanhos e formas, e a descobrir como continuar caminhando mesmo diante delas. Esse é o exercício da resiliência, da coragem e da autonomia. A pergunta que precisamos nos fazer é: estamos realmente preparando nossas crianças para enfrentar as pedras da vida, ou apenas tentando removê-las de seus caminhos?

Educar, portanto, é um ato de amor firme: não se trata de ceder a cada choro ou de satisfazer cada desejo, mas de mostrar à criança, com clareza e respeito, que existem limites e responsabilidades. Família e escola, juntas, precisam ser parceiras nesse processo. Isso significa confiar, permitir que a criança experimente, enfrente, chore, se frustre e, ao final, se fortaleça. Pois é assim que ela desenvolverá autoconfiança, resiliência e a capacidade de se autogovernar na vida adulta.

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