“Se todos os professores compreendessem que a qualidade do processo mental, não a produção de respostas corretas, é a medida do desenvolvimento educativo, algo de pouco menos do que uma revolução no ensino teria lugar na escola”
John Dewey
Sempre que temos a oportunidade de discutir com os pais o ensino da matemática em nossa escola, nos deparamos com falas interessantes, que nos levam a pensar como aprendemos a matemática e como ensiná-la.
Ouvimos freqüentemente: “Ah, meu Deus! Matemática!” “Quando eu estava na idade do meu/minha filho (a), eu também tinha muita dificuldade”. “Para decorar a tabuada, minha mãe até me batia. Por isso, meu marido é que ensina e, se for problema de divisão, mesmo com a calculadora é difícil”
Através destas falas, podemos perceber como a matemática ainda é vista como uma área de conhecimento pouco acessível. Ainda permanece a crença de que a matemática é somente para os que possuem inteligência acima da média ou somente para homens, porque estes teriam o pensamento prático .
Esta forma de conceber a matemática nos diz muito da forma como nós mesmos aprendemos os conteúdos desta área. Aprendemos através da memorização, realizada através de exercícios repetitivos, aplicados em doses homeopáticas, do fácil para o difícil, do concreto para o abstrato e principalmente centrado na figura do professor, que sempre foi o detentor e depositário do saber matemático. Estudávamos apenas para resolver as questões da prova e depois esquecíamos o que havíamos decorado.
Nem é preciso dizer que não havia nenhuma contextualização do ensino ou um sentido para as atividades. Aprendíamos para o futuro! Passamos por essa forma de “aprender” a matemática… Hoje, muitos de nós usa os conhecimentos de forma precária e outros, os considerados mais inteligentes, os que sabiam a matemática, enveredaram pelos caminhos das ciências exatas. Mas não precisa ser assim, já que contamos com inúmeras pesquisas que mostram que todos podem aprender a matemática.
Vivemos em um mundo com muitos exemplos da matemática e nem podemos nos imaginar sem eles: relógios cronometrando nosso tempo, calendários, fazemos estimativas, controlamos nosso dinheiro, calculamos juros e descontos….
Se a sociedade está cada vez mais matematizada, é necessário que repensemos a forma de encaminhá-la na escola. Não dá mais para ficarmos repetindo técnicas ou somente memorizando a tabuada, decorando nomes ou fórmulas.
Podemos ensinar de forma a conceber as aulas de matemática como processos de investigação, a desafiar o aluno através da resolução de problemas para que ele possa argumentar investigar possibilidades, regularidades e criar soluções provisórias.
Para isto, o professor deve propor situações consideradas complexas para os alunos, mas não impossíveis de serem resolvidas, problemas que estimulem o(a) aluno(a) a ousar, pensar, explorar, estabelecer relações, usar conhecimentos adquiridos em outras situações, interagir com os colegas e estabelecer diálogos. É preciso que os alunos percebam que não é apenas o professor que sabe tudo, que tem todas as respostas prontas definidas e acabadas. Os alunos podem pensar e propor soluções criativas para os problemas matemáticos, desde que tenham as oportunidades, atividades e espaços necessários.
Lenir Pimenta Dutra
Professora e Coordenadora do Colégio Diversitas
Pedagoga. Pós graduada em psicopedagogia.