Alternativas para reforçar a segurança online de crianças e adolescentes
Cada vez mais presentes e habilidosos no mundo digital, crianças e adolescentes passaram a ter acesso facilitado a diversos conteúdos na internet, particularmente em tempos de adaptação escolar por causa da pandemia. Isso inclui temas considerados inapropriados e aqueles que os expõem a riscos como aliciamento, pedofilia, roubo de dados, etc.
Em outra ponta, pais e responsáveis podem recorrer a ferramentas de controle parental, que permitem gerenciar o que seus filhos acessam. A partir de alguns aplicativos (apps), por exemplo, é possível monitorar a navegação, bloquear sites, restringir conteúdos e até limitar o tempo de uso do aparelho.
Sejam gratuitas, pagas, ou já embarcadas em serviços de acesso a conteúdo, como nos navegadores de internet, as ferramentas de controle parental disponíveis hoje conseguem, “de uma forma geral”, cumprir a função para a qual se destinam. É o que avalia o diretor de Tecnologia da Universidade de Fortaleza, professor Eurico Vasconcelos.
“Essas ferramentas têm diferentes funções e capacidades. Depende muito do nível de controle que os pais querem ter. São possibilidades. A simples visibilidade do que é acessado por relatórios periódicos, o controle quanto ao acesso, à frequência e ao tempo de acesso. Se bem selecionadas, sim, é possível dar ‘controle’ de qualidade aos pais”, diz.
Para o professor, no entanto, o ponto mais importante é que os pais, cuidadores e educadores tenham consciência sobre o “grande risco de permitir acesso irrestrito das crianças aos conteúdos hoje disponíveis principalmente na web”.
“Essa rede tem revolucionado o mundo, tornando a produção e o consumo de informações e serviços acessíveis e dinâmicos. Carece apenas de cuidados na interação com esse universo digital. Se para adultos é um espaço arriscado, com fraudes, manipulação, informações incorretas, estelionato, para crianças então é muito mais arriscado sem os devidos cuidados”.
Para ajudar os adultos na complexa missão, o EducaLab listou, com a ajuda do especialista, diferentes plataformas e dispositivos a partir dos quais é possível monitorar o que seu filho acessa.
1 – SmartTVs
Embarcam em suas configurações ferramentas de controle parental. Basta configurar adequadamente e gerenciar por senha.
2 – Smartphones e tablets
Dispõem de vários aplicativos em suas lojas. Há opções gratuitas como o Google Family Link – para Android e iPhone (iOS) – que permite bloquear apps, limitar o tempo de uso do aparelho ou até mesmo localizar geograficamente a criança a partir do dispositivo. Outra opção de app com recursos semelhantes é o Qustodio Controle Parental, cuja versão completa é paga. A partir do app, o usuário pode visualizar as chamadas e textos, ler mensagens SMS e definir uma lista de contatos bloqueados. Os dois aplicativos disponibilizam relatórios detalhados sobre a atividade das crianças/adolescentes.
3 – Computadores desktop e notebooks
Também contam com ferramentas para os mesmos fins. O Qustodio, por exemplo, já atua em perspectiva multiplataforma e pode ser utilizado com a mesma conta no computador e em dispositivos móveis (smartphones e tablets). O K9 Web Protection também é uma opção de monitoramento do tipo.
4 – Videogames com compra online
Também precisam de monitoramento e definição de perfil de uso para evitar que a criança baixe jogos fora de seu perfil etário. Esse serviço já vem embargado nas configurações.
MANTER A CLAREZA PARA NÃO PERDER A CONFIANÇA
Ao contrário dos sistemas espiões, que registram todas as atividades do usuário sem o conhecimento deste, as ferramentas de controle parental têm suas operações explícitas para o monitorado em boa parte das vezes.
Ainda assim, o uso de ferramentas com o intuito de restringir conteúdos acessados por crianças e adolescentes pode gerar uma perda de confiança na relação entre pais e filhos.
Ao invés de um gesto de cuidado, o mecanismo pode dar margem a interpretações como invasão de privacidade ou censura.
Por isso, é importante que os adultos dialoguem com a criança ou adolescente, deixando claro os objetivos do controle parental.
“Caso essas ferramentas sejam utilizadas sem o conhecimento da criança, o processo de descoberta apresenta grande risco de perda de confiança, podendo gerar prejuízos posteriores em relação à confiança da criança em outras pessoas”, aponta a psicóloga e especialista em Neuropsicodiagnóstico, Laís Policarpo B. Wattes.
Segundo ela, conversas abertas e sem julgamento podem fornecer informações mais importantes aos pais do que um aplicativo. E ainda permitem que a criança ou adolescente sinta confiança para recorrer aos pais diante de qualquer problema, seja no mundo virtual ou real.
Para casos em que a relação de confiança entre pais e filhos já esteja fragilizada, o ideal é recorrer a profissionais da área da Psicologia.
“Esses profissionais não apenas poderão auxiliar a criança no enfrentamento de situações das quais ela não esteja confortável em tratar com seus pais, como também poderá atuar na reestruturação das relações de confiança”, afirma a psicóloga.
Fonte: Lígia Costa – Diário do Nordeste